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Vereador diz que não vai se desculpar por querer aumento

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População marcou um protesto em frente à Câmara Municipal (Foto: Arquivo Plantão Enfoco)

Indignada com a aprovação no aumento de salário dos vereadores do município, a população de Niterói se mobilizou para protestar contra o reajuste. Uma petição pública foi iniciada pela internet e já conta com mais de cinco mil assinaturas, além de um evento criado para manifestação em frente à Câmara Municipal, na próxima terça-feira (12), a partir das 17h.

A aprovação aconteceu no dia 27 de fevereiro, quando os vereadores votaram um aumento de 50% nos seus próprios salários. O valor foi de R$ 12.044,48 para R$ 18.991,00. Os moradores do município demonstraram revolta e cobraram dos vereadores uma justificativa para o aumento.

"Não é que vocês não mereçam, é que 50% é um tapa na minha cara, sinceramente! Quando eu falo minha cara, falo a cara de todos nós trabalhadores niteroienses. Não é uma visão maniqueísta do caso. Não é possível que vocês não vejam a afronta que é isso!", publicou a empreendedora Carolina Maciel.

Segundo o ex-militar Júnior Tavares, merece aumento quem trabalha todos os dias incluindo sábados, domingos e feriados.

"Doze mil é uma fortuna para se trabalhar poucos dias na semana, tirando como exemplo nossos professores, que trabalham de segunda a sexta e fim de semana para elaborar exercícios, corrigir provas e ganham uma miséria", relatou.

Em seu perfil pelas redes sociais, o vereador Paulo Eduardo Gomes, do PSOL, um dos que votou pelo aumento, afirmou que estudou para verificar se podia ou não votar a favor de algo que, durante anos, a bancada do PSOL impediu de acontecer.

“Eu fiz as contas e verifiquei: é possível ou não é possível orçamentariamente? É possível melhorar as condições de trabalho de quem trabalha pra que a Câmara preste um melhor serviço? Esse é meu empenho”, disse.

Em entrevista, o vereador afirmou ainda que entende a indignação da população, mas que não pode ignorar que o trabalho do parlamentar é um como outro qualquer e que o único equívoco nessa situação foi não ter tentado um diálogo com a população antes da aprovação, mesmo acreditando que não repercutiria, já que a população, segundo ele, não tem o costume de comparecer a audiências públicas.

“Eu não estou preocupado se as pessoas vão votar em mim ou não depois disso. Eu estudei e tenho meus motivos para ter votado positivo. Se por acaso eu não for eleito na próxima eleição, eu tenho lindos netos que precisam de um pouco mais do meu tempo. Eu sempre lutei por audiências públicas, mas estou ficando cansado de não ver resultado por parte da população”, falou.

Vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) é principal alvo de críticas nas redes sociais (Foto: Wallace Rosa)

Sobre as críticas que tem sofrido nas redes sociais, Paulo Eduardo informou que não há ninguém presente para apoiar quando ele cobra concursos públicos na Câmara, mas que sempre há alguém para dizer que está com 'fome em casa'.

“Se eu não dou o reajuste que viabiliza um melhor trabalho na Câmara, essa pessoa vai continuar com fome em casa, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra”, disse.

Questionado sobre ter votado a favor do reajuste e, em seguida, o PSOL ter divulgado uma nota afirmando que repudia a ação e que, caso a lei seja sancionada, a bancada irá devolver os valores referentes ao percentual aprovado, o vereador afirmou que o partido também foi surpreendido com a deliberação dos seus vereadores.

“Não vou, do jeito que foi sugerido, pedir perdão. Eu trabalho honrando cada centavinho desde 2001. Não tem a possibilidade de eu achar que o que eu fiz é grave. Eu vou trabalhar com o mesmo afinco que a gente trabalha pra se virar recebendo 12 mil ou 18 mil, mas são ruins as condições de trabalho. Difícil de fazer”, finalizou.

Procurado, o atual presidente da Casa, Milton Cal, não foi encontrado para esclarecer a situação da sanção do reajuste. A Câmara de Vereadores, no entanto, informou que na próxima segunda-feira (11), às 15 horas, haverá uma reunião na presidência da Casa. Todos os vereadores estão sendo convocados. 

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